Robôs são romantizados na arte e cultura popular há décadas. Do HALL 9000 e o Exterminador do Futuro, em que são vistos como ameaças à humanidade, até Star Wars ou WALL-E em que são benevolentes e heróicos, robôs podem ser vistos tanto positivamente quanto negativamente.
Hoje, contudo, os robôs não são apenas personagens da ficção. Robôs reais ocupam cada vez mais as fábricas, depósitos e toda sorte de outros negócios, onde dividem as mesmas tarefas rotineiras que seus colegas humanos.
Enquanto robôs algumas vezes ganham mídia positiva por aumentar a produtividade, ajudar pequenas empresas a competir com rivais maiores e até mesmo permitir que trabalhadores saiam de tarefas repetitivas ou perigosas para operações de maior valor, ainda existem muitas histórias apontando-os como responsáveis por “roubar” empregos humanos.
Mas qual a relação exata entre robôs - em particular os robôs colaborativos (ou cobots) e o trabalho humano?
Para realmente entender e responder as acusações feitas aos robôs hoje, primeiro precisamos entender que cobots foram desenvolvidos não para substituir humanos, mas operar ao lado e auxiliar trabalhadores - enquanto a robótica tradicional usada nas fábricas há mais de 50 anos realmente foi planejada para substituir a mão de obra humana.
Robôs eliminam mão de obra humana?
Manchetes recentes na mídia internacional, como um estudo recente da PwC sugerindo que 4 entre 10 trabalhos podem ser automatizados, focam no medo básico de que robôs substituem pessoas como força de trabalho primário, o que deixaria os humanos sem maneira de gerar renda.
Essa cobertura midiática e a resposta por parte do público sugerem uma preocupação geral de que os robôs ocupem realmente esses postos de trabalho.
Mas nem todo mundo concorda com isso. Defensores da tecnologia robótica afirmam que cada nova onda de automação - de máquinas a vapor até computadores - leva ao medo de que a tecnologia irá substituir completamente os seres humanos, mas que a realidade mostra resultados de criação de empregos, não perdas, no longo prazo.
A maioria dos trabalhos exige habilidades intrinsecamente humanas e um recente estudo da OECD (Organisation for Economic Cooperation and Development) mostra que menos de 10% dos trabalhos podem ser totalmente automatizados, o que limita por princípio as funções passíveis de “roubo” pela automação robótica.
E a demanda por cobots está crescendo mais rápido que a demanda por robôs tradicionais; a BIS Research estipula que o mercado de robôs colaborativos deve chegar a 2 bilhões em 2021.
Então, no futuro, é mais provável termos robôs e humanos trabalhando lado a lado nas fábricas que a substituição completa da mão de obra humana.
Criação e redução de empregos
Há um fato que nenhum dos lados na discussão sobre a robótica pode negar: algumas funções serão aposentadas.
Mas, indo além disso, a automação robótica é uma rede de criação de empregos. A maioria dos estudos sobre os efeitos de uma automação à base de robôs na empregabilidade humana foca em limitações geográficas regionais ou em indústrias de trabalho intensivo que dependem ostensivamente do tipo de trabalho que pode ser facilmente automatizado.
De acordo com esses estudos, robôs terão impacto significativamente negativo apenas em alguns trabalhos - manufatura e montagem em resumo - em que irão substituir os trabalhadores de tarefas monótonas, repetitivas e desgastantes.
No cenário internacional, muitas indústrias já têm dificuldades para preencher essas vagas. Uma reportagem no Washington Post mostrou como a fabricante Tenere em Wisconsin-EUA optou pela automação por cobots pelos desafios na hora de preencher as 132 vagas abertas que não conseguiram contratar.
Políticas públicas sobre impacto da robótica
A tecnofobia, em especial o medo dos robôs, compartilhado na mídia chegou até alguns governos também.
Pedidos de investimentos em educação para preparar trabalhadores para os empregos do futuro ganham força na mesma proporção em que robôs e seu papel no mercado ganham mais e mais atenção - um ciclo de reforço positivo que vai ainda além.
Em alguns países, há discussões sobre um imposto de renda em cima dos robôs, para gerar receita a ser distribuída como compensação pelos trabalhadores humanos substituídos por robôs.
É óbvio que a primeira saída se faz mais sensata, já que os retornos em estratégias micro-educacionais e outros programas de reeducação de trabalhadores para ajuste nos ambientes de transformação tecnológica serão mais duradouros e verdadeiros que a proteção artificial de posições de trabalho facilmente automatizáveis - uma decisão que só afastaria investimentos, reduziria a produtividade e a competitividade como um todo.