O uso e a instalação de qualquer tecnologia em indústrias e outros setores da economia precisa estar em conformidade com a legislação vigente para garantir qualidade e idoneidade dos produtos e a segurança e o bem-estar dos profissionais que trabalham juntamente com determinada máquina e/ou equipamento.
No Brasil, a NR 12 é a Norma Regulamentadora de Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos. Por meio dela são definidas referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores.
Além disso, ela estabelece os requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, bem como sua fabricação, importação, comercialização, exposição etc. em todas as atividades econômicas.
Os cobots e a NR 12
A NR 12 foi publicada em 1978 e a cada ano que se passa, novas tecnologias surgem para integrar e aprimorar o dia a dia das indústrias, como é o caso da indústria 4.0 e, especificamente, dos cobots. Assim, a legislação torna-se obsoleta, não abrangendo parâmetros para regulamentação dessas novas soluções.
Por isso, nos debates mais recentes sobre o uso de cobots no Brasil foi estabelecida a Nota Técnica nº 31, agora parcialmente presente no texto da NR 12. Vale destacar que essa NT trouxe enorme segurança jurídica para uso de cobots no país.
O que foi trazido ao texto da NR 12 vindo da NT 31 está no item 12.1.12: “Os sistemas robóticos que obedeçam às prescrições das normas ABNT ISO 10218-1, ABNT ISO 10218-2, da ISO/TS 15066 e demais normas técnicas oficiais ou, na ausência ou omissão destas, nas normas internacionais aplicáveis, estão em conformidade com os requisitos de segurança previstos nessa NR”.
A partir dela, foram adotadas no Brasil, normas internacionais de segurança para uso de robótica colaborativa. Apesar de a NR 12 já especificar em seu texto anterior ao vigente a utilização de normas internacionais (“12.1 Esta Norma Regulamentadora e seus anexos definem referências técnicas, ... nas normas técnicas oficiais e, na ausência ou omissão destas, nas normas internacionais aplicáveis”), à partir da NT 31, a NR 12 trouxe a menção específica às normas sobre a utilização de robôs e dos cobots.
Para a utilização dos robôs, a norma brasileira ABNT NBR ISO 10218, que é constituída de duas partes, (ABNT NBR ISO 10218 -1 Robôs e dispositivos robóticos — Requisitos de segurança para robôs industriais; Parte 1: Robôs; ABNT NBR ISO 10218 -2 Robôs e dispositivos robóticos — Requisitos de segurança para robôs industriais; Parte 2: Sistemas robotizados e integração) e para o uso de robótica colaborativa, uma Especificação Técnica, a ISO/TS 15066 ("Robots and robotic devices - collaborative robots''), documento internacional ainda sem publicação em português pela ABNT. Dessa forma, ficou muito claro como utilizar adequadamente os robôs e mais especificamente, os colaborativos.
ABNT NBR ISO 10218-1
Especifica os requisitos e orientações para um projeto seguro com robótica; medidas de proteção e informações de uso inerentes aos robôs industriais.
Além disso, descreve os perigos básicos associados a robôs e provê requisitos para eliminar ou reduzir adequadamente esses riscos.
ABNT NBR ISO 10218-2
Enquanto isso, a parte 2 da norma especifica os requisitos de segurança para a integração de robôs e sistemas robotizados industriais, conforme definido na ABNT NBR ISO 10218-1, e células robotizadas industriais.
ISO/TS 15066
A ISO/TS 15066 verifica padrões de qualidade e requisitos mínimos para a operação da robótica colaborativa nos mais diversos ambientes de trabalho.
Vale destacar que os cobots diferenciam-se de outras tecnologias de automação, sobretudo por dividirem o espaço laboral com trabalhadores humanos sem perigo ou prejuízo para os mesmos. Para garantir que não haja nenhum perigo nesse contato físico entre operador e sistema robótico, a ISO/TS 15066 define quatro métodos para as operações colaborativas. São eles:
- Parada de segurança monitorada;
- Modo guiado (com operação manual dos cobots);
- Velocidade e separação monitoradas;
- Limitação de força e potência.
Os cobots foram projetados para trabalhar prioritariamente neste último método, módulo.
É importante salientar que essa convivência entre robô colaborativo e homem só pode acontecer após ser realizada uma ampla apreciação de riscos, realizada conforme a norma ABNT NBR ISO 12100, considerados os parâmetros da ISO/TS 15066.
Nota Técnica nº 31
A normatização com suas especificações de segurança em relação ao uso de robôs colaborativos em processos industriais leva em consideração que essa tecnologia visa combinar a performance repetitiva dos cobots com habilidades de inteligência humana.
Então, apesar de todo sistema robótico colaborativo requerer medidas de proteção
para garantir a segurança do operador durante essa rotina colaborativa, suas características são totalmente diferentes de sistemas robóticos tradicionais. Logo, sua avaliação e apreciação de riscos necessita de parâmetros diferentes dos usuais aplicados em robótica tradicional.
Considerando que trabalhadores desempenham suas atividades lado a lado com cobots, enquanto esses também estão em operação, complementam a apreciação de riscos, tratando do tema de comandos seguros, as normas ABNT NBR 14153 e ABNT NBR ISO 13849 Partes 1 e 2. Essas duas normas são de fundamental importância quando os parâmetros de velocidade e força estão sendo controlados.
ABNT NBR 14153
Especifica os requisitos de segurança e estabelece um guia sobre os princípios para o projeto (ver ABNT NBR ISO 12100) de partes de sistemas de comando relacionadas à segurança. Para isso, especifica categorias e descreve as características de suas funções de segurança. Isso inclui sistemas programáveis para todos os tipos de máquinas e dispositivos de proteção relacionados.
ABNT NBR ISO 13849-1
Estabelece os requisitos de segurança e orientação sobre os princípios de projeto e integração de partes de sistemas de comando relacionadas à segurança (SRP/CS), incluindo o projeto de software. Para essas partes da SRP/CS, esta Norma especifica as características que incluem o nível de desempenho (PL) requerido para realizar funções de segurança.
Essa parte da Norma, parte 1, aplica-se a SRP/CS para alta demanda e modo contínuo, independentemente do tipo de tecnologia e energia utilizadas (elétrica, hidráulica, pneumática, mecânica, etc.), para todos os tipos de máquinas.
ABNT NBR ISO 13849-2
Especifica os procedimentos e as condições a serem seguidos para a validação por análise e ensaio:
- das funções de segurança especificadas,
- da categoria atingida,
- e do nível de desempenho atingido pelas partes de um sistema de comando relacionadas à segurança (SRP/CS) projetadas de acordo com a ISO 13849-1.
Robôs colaborativos no cumprimento das normas de segurança
Seguindo os padrões e critérios especificados pelas normas ABNT NBR ISO 10218-1, ABNT NBR ISO 10218-2, ISO/TS 15066 e após prévia apreciação de riscos baseada na ABNT NBR ISO 12100, o sistema de robótica colaborativa está apto a trabalhar lado a lado com a força de trabalho humana.
Cobots da Universal Robots e as normas de segurança
A Universal Robots inaugurou o conceito de robótica colaborativa no mundo com o objetivo de tornar amigável a tecnologia de automação industrial, ao ponto de profissionais e máquinas trabalharem em conjunto de forma simples, prática e eficiente. Para isso, desenvolveu um braço flexível de seis eixos que garante total segurança no desenvolvimento de suas funções.
Por isso, os cobots são o tipo de tecnologia que, após passar pela apropriada apreciação de riscos, podem atuar em espaços colaborativos com a mão de obra humana.
Em conformidade com as normas técnicas de padrões internacionais, os robôs colaborativos da Universal Robots contam com mais de 17 funções de seguranças.
Assim, é possível evitar que acidentes de trabalho ocorram pelas funções de segurança que, caso algo ou alguém entre em seu caminho, o cobot paralisa suas funções. Além disso, delimita-se o seu “espaço de segurança”, instalado por meio de programação própria, para que não esbarre em equipamentos ou pessoas.
Confira no vídeo:
Capacidade e funcionamento do e-Series
Os cobots são equipados com uma programação intuitiva e uma interminável lista de acessórios, que tornam as suas aplicações ainda mais versáteis. Assim, os robôs colaborativos são capazes de complementar a produção, independentemente do tipo de indústria, dimensão da empresa ou natureza do produto. Além disso, são encontrados em quatro diferentes modelos, variando suas capacidades de carga de 3, 5, 10 e 16 kg.
Autores: Denis Pineda e Márcio Damélio